ESCRAVOS, FILHOS, AMIGOS, COLABORADORES.
Deus nos comprou por alto preço, o preço do sangue do se
Filho, quando éramos inimigos de Deus,
separados dele pelo pecado.
Isso nos faz propriedade dele, seus servos, comprados por altíssimo preço.
O propósito dessa compra é retornar as coisas aos seus lugares.
Como era no início da criação.
À semelhança do pai do filho pródigo, Ele nos recebe como
filhos e não como escravos, restitui-nos o nome da família, e com ele todos os
nossos benefícios de filhos. Ele nos dá o poder de sermos feitos filhos de
Deus, e de fato o somos. Essa é uma decisão unilateral, Ele nos escolheu para
isso sem que fizéssemos nada.
A relação pai x filho é algo fantástico, filhos nos dão
muito trabalho , mas nos alegram muito mais, custam um bom dinheiro, mas não
fazemos conta disso. Embora sejam nossos herdeiros e descendentes, há muitas
coisas que não sabem a nosso respeito, recebem tudo pronto, sem muita margem de
negociação, são tutelados.
Filhos crescem e
amadurecem e o natural é que este relacionamento amadureça e deixe o estado de
tutela, para um estado de amizade, onde os filhos passam a compreender melhor a
dinâmica da vida familiar, as possibilidades, dificuldades, planos, sonhos etc. Não são apenas expectadores, mas passam
a conhecer como são conhecidos, é o tempo em que dizemos-lhes tudo o que temos
recebido e os fazemos participantes de nossas decisões. Fazemos deles nossos
amigos!
Amigos andam juntos, conhecem uns aos outros, tem prazer na
companhia uns dos outros, auxiliam-se, desfrutam sua amizade.
Mas há ainda algo mais a acontecer, esses amigos podem se
tornar colaboradores, trabalhar juntos, baseados em seu relacionamento e
conhecimento mútuo podem funcionar em fina sintonia, percebendo o que o outro
quer muitas vezes sem palavras, fazendo escolhas e tomando decisões em
harmonia, pois se conhecem bem e sabem como o outro age e o que é melhor em
cada situação.
Tenho experimentado isso em minha vida, de certa forma meus
filhos foram “comprados”, a princípio era só trabalho e mais trabalho, mas eles
foram feitos meus filhos. Há muitos pais mesmo naturais que não fazem dos
filhos SEUS filhos. Muitos órfãos de pais vivos. Para um filho ser meu filho,
eu preciso agir em prol disso e fazê-lo meu filho, é o pai que se doa pelo
filho, tornando-o verdadeiramente filho, isso não é meramente biológico é
adoção, vontade, propósito. Muitos pais necessitam “adotar” seus filhos,
dar-lhes o poder de serem seus filhos. Isso tem um custo, não fazer isso custa
muitíssimo mais.
Também é o pai que dará ao seu filho o poder de ser seu amigo,
sim é o pai que vai ao encontro de seu filho e permite que ele se achegue, é
muito difícil para o filho “conquistar” essa amizade, se o Pai não se
“inclinar” para o filho isso não acontecerá. À medida que o filho amadurece o
pai o torna participante das situações e decisões da família, dá-lhe a conhecer
tudo o que se passa.
Certa feita eu e meus dois filhos fomos participar de um
acampamento onde visitamos uma caverna e descemos o rio em boias, poucos dias
antes havia tido um pico de pressão acompanhado de certa labirintite e o médico
receitara cuidados. Algo fascinante aconteceu naqueles dois dias, meus filhos
ainda bem jovens passaram a agir como se fossem eles o pai e eu o filho
necessitado de supervisão, fiz toda a caminhada e a descida do rio sob atenta
supervisão deles, não se afastaram por nenhum momento... a princípio era até
meio constrangedor, mas ali percebi claramente, eles não eram mais crianças,
haviam crescido, hora de promovê-los...
Meus filhos hoje são meus amigos, e tem tornado seus cônjuges
meus amigos também, uma dinâmica fascinante e muito saudável, o resultado em
muito supera as expectativas iniciais. Compartilhamos nossas vidas, alegrias,
tristezas, apreensões. Éramos pai e filhos, hoje somos amigos. E a cada dia
temos nos tornado colaboradores uns dos outros, uau!!!
Conheço muitos pais que não podem dar tal testemunho, é uma
pena.
Nos relacionamentos em geral tenho tentado fazer das pessoas
minhas amigas; alguns insistem em me ver como “pai”, “pastor”, “tio”,
“filho”... mas meu intento é que sejam meus amigos. Tenho lhes dado a conhecer
tudo que tenho recebido, e também minhas angústias e aflições mas algumas pessoas insistem em
relacionamentos formais, hierárquicos. De minha parte tudo bem, não me ofende
nem constrange, mas acho pouco.
Imagino nosso Pai esperando por nos tratar por amigos e nós
insistindo em que somos servos, pensando como escravos, ou até inimigos! Outras
vezes numa infantilidade eterna agindo como filhinhos, com direito a birras e
tudo mais! Alguns se gloriam de ser SERVOS, que glória pode haver em ser um
servo? Servos sequer tem um nome.
Ainda se fosse um servo de orelha furada, que
voluntariamente se oferece como servo por amar seu Senhor e sua família. Mas
muitas vezes agimos com servos obrigados ao jugo, relutando em aceitar e querer
a vontade do Senhor! Agimos como vítimas, ou heróis, e Deus não quer nem um nem
outro, quer apenas você!
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